segunda-feira, 19 de abril de 2010

Espiritos Vingativos

A - A ESCOLHA DAS PROVAS

No estado errante, antes da nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida. Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio (LE, perg. 258). Possuindo a liberdade de escolha, o Espírito é responsável pelos seus atos, assim como das consequências que lhe advierem. Nada lhe estorva o futuro e mesmo que venha a sucumbir às provas escolhidas, ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus na sua bondade permite sempre recomeçar o que foi mal feito.

O Espírito sabe que, escolhendo determinado caminho, terá de passar por determinado gênero de lutas; e sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe quais os acontecimentos que o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias e da força das coisas. Só os grandes acontecimentos, que influem no destino estão previstos (LE, perg. 259).

Nem sempre, porém, o Espírito faz a sua escolha imediatamente após a morte, pois muitos, ainda atrasados, julgam que suas penas têm um caráter eterno. Por outro lado, ele pode ainda fazer sua escolha durante a vida corporal, pois um desejo intenso pode influir no seu futuro. Tudo depende da sua intenção. Isso é possível pois que o Espírito, embora encarnado, tem sempre os momentos em que se liberta da matéria.

Geralmente o Espírito escolhe as provas que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, assim como aquelas que podem contribuir para o seu adiantamento. Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pela más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício (Le, perg. 264).

Pode acontecer de, por vezes, o Espírito enganar-se quanto à eficácia da prova que escolher. Pode escolher uma que esteja acima de suas forças, e então sucumbe. Pode também escolher uma que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Mas, nesse caso, voltando ao mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido (LE,perg. 269).

Parece evidente o fato de o Espírito geralmente escolher as provas mais fáceis de ser vencidas; no entanto, isso não ocorre pois na vida espiritual ele compara os prazeres fugitivos e grosseiros com a felicidade inalterável que entrevê, e então que lhe importam alguns sofrimentos passageiros? (LE, perg. 266). É assim que quando desencarnado prefere provas mais rudes e suscetíveis de apressar o seu progresso.

Um Espírito inexperiente e ignorante, não pode escolher uma existência com pleno conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha. Entretanto, à medida que vai evoluindo e que o seu livre-arbítrio se desenvolve, tornando-se senhor de si, passar a tomar decisões por si mesmo; porém, se não aceitar os conselhos dos bons Espíritos, poderá cair em deslizes, comprometendo o seu processo evolutivo.

Algumas provas podem ser impostas, em vez de serem escolhidas espontaneamente; isto, porém, acontece com Espíritos inferiores, que revelam-se refratários às orientações dos bons Espíritos, assim como no caso de expiação de faltas, o que obviamente auxiliará o seu progresso.

B - RELAÇÕES DE ALÉM-TÚMULO - RELAÇÕES SIMPÁTICAS E ANTIPÁTICAS

No mundo espiritual, da mesma maneira que no plano material, os Espíritos se reúnem em associações, classes, sociedades, conjugando interesses semelhantes entre os indivíduos. Juntam-se no espaço em aglomerados afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida que procuravam quando encarnados.

Porém, nem todos os Espíritos têm acesso, reciprocamente, uns junto aos outros. Os bons vão por toda a parte e é necessário que assim seja, para que possam exercer a sua influência sobre os maus. Mas as regiões habitadas pelos bons são interditadas aos imperfeitos, a fim de que não levem a elas o distúrbio das más paixões (LE, perg. 279).

Os Espíritos têm uns sobre os outros a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado. Porém, essa autoridade não se refere aos valores terrenos, mas sim a uma ascendência moral irresistível. As posições de destaque ocupadas no mundo material, o poder, a autoridade, não conferem menhuma supremacia ao homem no mundo dos Espíritos; o maior na Terra pode estar na última classe entre os Espíritos; enquanto que seu servidor estará na primeira (..) Jesus não disse: Quem se humilhar será exaltado, e quem se exaltar será humilhado? (LE, perg.275a). Aquele que foi grande entre os homens, e como Espírito vê-se junto dos Espíritos inferiores, movido pelo seu orgulho e inveja sente-se muito humilhado com esta situação.

Os Espíritos comunicam-se entre si. Eles se vêem e se compreendem; a palavra é material: é o reflexo da faculdade espiritual. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação constante; é o veículo de transmissão do pensamento, como o ar é (..) o veículo do som. Uma espécie de telégrafo universal que liga todos os mundos, permitindo aos Espíritos corresponderem-se de um mundo a outro (LE, perg. 282).

Não podem dissimular reciprocamente seus pensamentos, nem esconder-se um dos outros, pois para eles tudo permanece descoberto, principalmente quando são perfeitos. A linguagem entre os Espíritos é portanto a linguagem do pensamento, e não necessariamente a linguagem material articulada. Os Espíritos reconhecem-se e constatam sua individualidade pelo perispírito, que os torna seres distintos uns para os outros, como os corpos entre os homens (LE, perg. 284) Desta maneira reconhecem aqueles que foram seus filhos, pais, amigos ou inimigos quando encarnados. Geralmente ao desencarnar a alma vê os parentes e amigos que a precederem no mundo dos Espíritos, os quais felicitam-na como no regresso de uma viagem. A alma do justo é recebida como um irmão bem-amado e longamente esperado; a do mau, é recebida com natural reserva.

Pode continuar a existir no mundo dos Espíritos a afeição que dois seres se consagravam no mundo material, desde que originada da verdadeira simpatia. Se, no entanto, esta afeição nasceu principalmente de causa de ordem física, a afeição desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio (LE, perg. 297).

A teoria das metades eternas é uma expressão usada até mesmo na linguagem vulgar, e que não deve ser tomada ao pé da letra. Não existe união predestinada desde a origem. A simpatia que atrai um Espírito para outro é o resultado da perfeita concordância de suas tendências, de seus instintos; se um devesse completar o outro, perderia a sua individualidade (LE, perg. 301).

C - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSÁRIOS:

Em verdade vos digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil (ceitil: moeda portuguesa antiga de ínfimo valor) (Mt, 5:25-26). Vários são os motivos para ter indulgência com os inimigos. Primeiramente, porque o perdão tem o efeito moral de libertar os seres que permanecem por vezes longo tempo imantados um ao outro pelo sentimento de ódio e vingança. Perdoar consiste em fazer uma concessão, por amor, o que demonstra a verdadeira grandeza de alma, um verdadeiro gesto de caridade moral.

Em seguida, aqueles aos quais se fez algum mal neste mundo podem, segundo sua condição, experimentar dois tipos de sentimentos: se são bons, perdoam; se são maus, podem conservar os ressentimentos e, por vezes perseguir até numa outra existência. Os Espíritos bons, quando na espiritualidade, compreendem o quanto as dissensões são desnecessárias e os motivos conservam uma espécie de animosidade, até que se purifiquem (LE, perg. 293).

A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os Espíritos vingativos perseguem com seu ódio, além da sepultura, aqueles que ainda são objeto de seu rancor (..) O Espírito mau espera a quem quer mal que esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar (ESE, cap. X, ítem 6). O algoz pode atingí-lo nos seus interesses mais recônditos, assim como nas suas mais caras afeições. Nisto consiste a causa da maioria dos casos de obsessão. Daí a necessidade de, com vistas à tranquilidade futura, reparar o mais cedo possível os males que se tenha praticado em relação ao próximo.

Além disso, só se pode apaziguar esses Espíritos vingativos com o bem, jamais com o mal. Nossos sentimentos atuam sobre os outros segundo uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. Assim sendo, os bons sentimentos quebram toda eventual expressão vibratória entre os seres imantados pelo ódio, envolvendo a ambos em eflúvios de harmonia. Além disso, o bom procedimento não dá, pelo menos, nenhum pretexto a represálias, e com ele se pode fazer de um inimigo um amigo antes da morte. Com o mau procedimento ele se irrita e é então que serve de instrumento à justiça de Deus, para punir aquele que não perdoou (ESE, cap. XII, ítem 5).

Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com nosso adversário, não quer apenas evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não sairás de lá, disse ele, enquanto não pagares o último ceitil, ou seja até que a justiça divina esteja completamente satisfeita (ESE, cap. X, ítem 6).

QUESTIONÁRIO

A - A ESCOLHA DAS PROVAS

1 - Pode o Espírito escolher provas muito rudes e uma existência repleta de percalços, a fim de apressar a sua evolução?

2 - O Espírito pode enganar-se quanto à eficácia da prova escolhida?

3 - Todos os Espíritos têm livre-arbítrio na escolha de suas provas?

B - RELAÇÕES DE ALÉM TÚMULO - RELAÇÕES SIMPÁTICAS E ANTIPÁTICAS

1 - Como se constituem os agrupamentos no plano espiritual?

2 - Há livre acesso dos Espíritos a todos lugares? Explicar

3 - Como os Espíritos se reconhecemna Espiritualidade?

C - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSÁRIOS

1 - Quais são os motivos para se ter indulgência com os inimigos?

2 - Como se pode apaziguar os Espíritos vingativos?

3 - Qual a causa da maioria dos casos de obsessão?

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